16 de julho de 2013

Como a ''Crise'' começou,entenda !





Era o semestre mais esperançoso dos últimos anos no São Paulo. Afinal, o time campeão da Copa Sul-Americana em dezembro começaria 2013 em alta. Rogério Ceni, Lúcio, Jadson, Ganso e Luis Fabiano formavam quase meio time só com jogadores caros, idolatrados pela torcida e renomados no mercado. Mas, na prática, não funcionou. Junte a má fase técnica aos erros de planejamento de uma diretoria polêmica com as falhas de uma comissão técnica já demitida e você terá um time mergulhado na crise desde o início do Campeonato Brasileiro.
Os problemas do Tricolor começaram muito antes do gramado. Ney Franco passou meses cobrando a chegada de um jogador mais experiente para suprir a saída do ídolo Lucas, vendido ao Paris Saint-Germain. Os pedidos não foram atendidos. A direção preferiu apostar no, teoricamente, “bom e barato” para economizar os milhões recebidos e acabou sobrecarregando as duas principais peças do setor, Osvaldo e Luis Fabiano.
Juvenal, Adalberto e os erros
A cúpula do departamento de futebol, aliás, fracassou em praticamente todos os reforços que trouxe para a temporada. A lista não é das maiores, mas reflete o atual momento: Wallyson já foi embora, enquanto Lúcio não consegue se firmar. Roni, Silvinho e Caramelo, vindos de clubes do interior do estado, pouco atuaram. Negueba sequer estreou por causa de uma lesão no joelho direito, e Renan Ribeiro aguarda uma chance no gol. Aloísio, destaque no Figueirense, é um dos poucos a se salvar.
Não bastassem os erros nos reforços, o São Paulo passa também por um período ruim administrativamente. Juvenal Juvêncio, sim, é o verdadeiro soberano. Há sete anos no cargo (o entregará em abril de 2014), dita as regras da maneira que bem entende. Em algumas vezes, vira motivo de piada pelo discurso ditatorial e ao mesmo tempo cômico. Foi o que aconteceu na apresentação de Paulo Autuori, quando falou mais que o novo treinador e preferiu listar as últimas trocas de comando do Corinthians a admitir erros em sua administração.
A esperança recai agora sobre Paulo Autuori. Não só para encontrar um time considerado ideal, mas também para recuperar algumas peças-chave do elenco. Rogério Ceni, Lúcio, Ganso e Luis Fabiano, as apostas para montar uma equipe de sucesso, vivem um período negativo e puxam para baixooutros jogadores que tiveram boas atuações anteriormente, como Rafael Toloi, Wellington, Denilson e Osvaldo.
A dificuldade, porém, será grande. A direção não pretende fazer investimentos pesados para reforçar o elenco. A disparidade é visível, principalmente depois que sete jogadores foram liberados por causa da eliminação nas oitavas da Libertadores.
Estrelas sem brilho
Nem mesmo Ceni escapa da instabilidade. Perto da aposentadoria, que provavelmente acontecerá em dezembro, o ídolo tricolor alterna boas defesas com falhas grotescas que colaboraram para o time não se acertar. O goleiro de 40 anos vem se segurando nas últimas entrevistas para não criticar a diretoria e alguns companheiros. A chegada de Autuori serviu para amenizar isso, já que o relacionamento dele com Ney Franco não era dos melhores.
A crise passa também pela zaga. Lúcio era a aposta de Juvenal para ser um segundo líder para o time, mas as atuações não condizem com o status. O pentacampeão teve problemas com o antigo treinador e não rendeu o esperado até o momento. Longe disso. Falha seguidamente e abriu espaço para a diretoria procurar zagueiros no mercado.
A paciência dos torcedores está acabando com Paulo Henrique Ganso. Contratado por mais de R$ 23 milhões no ano passado, o ex-santista é uma mistura de dúvida e decepção. Recuperado dos problemas físicos, não consegue jogar em alto nível e deve virar reserva muito bem breve, acabando de vez com qualquer sonho de voltar à seleção brasileira até a Copa de 2014. No comparativo dentro do próprio clube, fica bem abaixo de Jadson, principal jogador da equipe no ano.
O São Paulo tenta impedir que a contratação de Ganso se transforme em um “mico”. O clube, famoso por fazer bons negócios com o exterior, já começa a cogitar uma possível venda caso surja alguma proposta para, no mínimo, igualar o valor investido.
A mesma situação vive Luis Fabiano. O centroavante é o artilheiro tricolor no ano, com 17 gols, mas está longe de agradar. A irritação dos dirigentes começou com a suspensão de quatro jogos imposta pela Conmebol ainda na primeira fase da Libertadores depois que ele foi expulso após o apito final da partida contra o Arsenal, no Pacaembu. Juvenal ameaçou vendê-lo, o Fabuloso ameaçou sair, mas fizeram as pazes.
Paz que acabou na semana passada, quando ele recebeu cartão vermelho na derrota para o Bahia, no Morumbi. Desta vez, foi a torcida quem não gostou e passou a chamá-lo de “pipoqueiro”. Luis se irritou e, ironicamente, aplaudiu ao sair do gramado.
O São Paulo vive uma semana em que pode passar do inferno ao céu em 90 minutos. Se vencer o Corinthians e conquistar a Recopa, todos os erros ficarão no passado. Mas, se perder o troféu para o grande rival dos últimos anos, mergulhará ainda mais fundo em uma crise que será difícil de afastar do Morumbi.

0 comentários: